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Virgindade

  • Foto do escritor: 10Construidos
    10Construidos
  • 26 de ago. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 27 de ago. de 2019

1) Texto Narrativo


Olá, meu nome é Maria Eduarda, mas podem me chamar de Madu, nasci no Brasil, mas sou filha de alemães. Meus avós paternos e meu avô materno são alemães, apenas minha avó materna e meu irmão que, assim como eu, são brasileiros. Minha família é dividida em brasileiros e alemães, e apesar de ser brasileira, passei a maior parte da minha infância na Alemanha. Atualmente, após completar 20 anos, eu escolhi o Brasil para residir, mas isso não é tão importante assim.

Bom, tudo começou quando eu tinha 15 anos, havia acabado de entrar no ensino médio. Ficar na barra da saia da minha mãe sempre me incomodou e a superproteção do meu pai, então, misericórdia, nem se fala. Tive uma infância pacata, reduzida a casa, escola, igreja, e todos os dias isso se repetia. Desde cedo, me incomodava o fato da mulher não poder ser quem realmente ela é, por causa da pressão social sobre o papel que a mulher deveria exercer na sociedade, me incomodava mais ainda os termos pejorativos que a mulher recebia ao tentar ser ela mesmo. Antes mesmo de entender o que era o machismo, eu já me opunha a ele, sempre fui contra ao que as pessoas achavam que eu deveria ser e várias vezes fui criticada.

Certo dia, resolvi que iria perder minha virgindade, eu namorava há um ano com um rapaz, ok que ele não era o amor da minha vida, nem o melhor namorado do mundo, até porque ele era meio abusivo. Pois é, eu me submeti a isso, mas, apesar de tudo, a ideia que meus pais tinham sobre ele era o que mais pesava. Eu pensava: “já que meus pais acham ele um bom partido, ele deve ser”, então resolvi perder com ele. Até aí estava tudo bem, sempre fui bem resolvida com minhas escolhas, mas então tudo desandou. Eu não conseguia mais me submeter àquele relacionamento, ele não me satisfazia sexualmente, nem emocionalmente e ainda queria atrapalhar meus estudos, então resolvi terminar. Se eu fosse contar o sufoco que passei com ele depois do término, eu perderia muito tempo com algo insignificante para o momento

Para meus pais, eu ainda era virgem. Na cabeça deles a virgindade é algo sagrado e a mulher tem que se guardar até o casamento. Coitados, caíram do cavalo, pois vim para desconstruir essa ideia. Quando contei a minha mãe, meu Deus, para ela foi um susto, até chorar, chorou. Me disse “e você ainda terminou com ele, né, Maria Eduarda?”, e eu respondi “pois é, uma virgindade não iria me prender em um relacionamento abusivo”, ela parou, me olhou e percebeu que eu estava certa, foi daí que eu percebi que havia plantado uma semente.

Aos olhos do grupo social em que estava inserida na época, eu não prestava porque já não era mais virgem e ainda falava abertamente sobre sexo, sobre sexualidade. Enquanto eu era taxada de vagabunda, desculpa o termo, meu irmão também deixava de ser virgem e adivinha quem era o garanhão? Pois é, essa dicotomia sempre me incomodava, afinal porque a virgindade feminina é sagrada e a masculina não? Porque o homem é incentivado a perder e a mulher não? Muitos podem dizer “ah, mas a mulher pode engravidar”, porém discordo, se esse fosse o verdadeiro motivo, nenhum termo pejorativo seria dirigido a mim. Lembro-me, ainda, que meus tios levaram meu irmão em um bordel, porque ele é homem e “homem que é homem, faz essas coisas”.

Estudando sobre os mitos e tabus que envolve a virgindade, descobri que o conceito de virgindade foi criado socialmente através de crenças religiosas, tentei entender o porquê, mas não consegui aceitar. Vi que na Índia, as famílias casavam suas filhas cedo para que ela se case “pura”, caso a mulher perca sua virgindade antes do casamento ela é expulsa de casa, é vista com maus olhos por boa parte da população, essas mulheres ainda são submetidas a um “teste de virgindade”, o que é uma baita humilhação. Bom, sei que cada sociedade tem sua cultura, mas alimentar o machismo em nome de uma crença é atentar contra a segurança da mulher.

Então, gente, essa é a minha história acerca da minha virgindade, sofri um bocadinho dessa opressão e ainda sofro, mas lutarei sempre para desmistificar o mito da “divina virgindade”. Cada mulher é dona de seu próprio corpo e ela pode fazer o que bem entender com ele, não existe “a mulher não pode”, existe “a mulher pode e se ela quiser ela faz".

Veja a análise dos elementos de um Texto Narrativo clicando no link a seguir:

2) Vídeo "Existe idade certa para perder a virgindade?" da Dora Figueredo.



3) Jane The Virgin (2014 - 2019)



4) 11 histórias bem estranhas sobre 'como perdi minha virgindade', do HuffPost Brasil.



5) Série Tabu Virgindade do TV Facopp Online.



6) 'Virgindade' do canal Porta dos Fundos.



7) Sex Education (2019 - presente)



8) Virgindade: crença, tabu ou obrigação?, por Beatriz Cristina, Giovanna Stival, Matheus Ribeiro e Yasmin Luara. Publicado no Medium.




9) Mito da virgindade: seu hímen não é um atestado de castidade, da SuperEla.




10) A fraude da virgindade, TEDx Talks de Nina Dølvik Brochmann e Ellen Støkken Dahl.



Bônus: Citação de Kurt Cobain? Nunca saberemos.



Bom, essa é a desconstrução da semana. Espero que todos tenham gostado, principalmente os professores. kkk bjs.

Até a próxima!

 
 
 

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